Família


A melhor coisa que pode haver é pertencer a uma família. Chegar em casa sem clarinadas e simplesmente ser acolhido com naturalidade, pertencer-se um ao outro. Na família, devemos ser aceitos, respeitados pelo que somos, amados, mesmo sabendo que temos falhas e cometemos erros. Na família, podemos encontrar a força de um relacionamento que é determinada pela disposição dos seus membros em compartilharem seus sentimentos e de permanecerem abertos um para o outro. Deus, em sua infinita sabedoria, criou a família, para que os seres humanos tivessem um lugar de apoio, de encorajamento mútuo, consolo nas horas difíceis. Enfim, um espaço para rir, chorar e sonhar. Abra o coração e deixe Cristo entrar na sua família.

"É feliz quem gosta de se lembrar de seus ancestrais, quem fala com alegria de seus feitos e de sua grandeza e quem, no final da bonita fila, vê colocado, silenciosamente, o seu próprio nome".

15/04/2012

A imigração Espanhola


Na década de 1880, chegaram os primeiros espanhóis no Brasil, sendo 75% com destino às fazendas de café em São Paulo. No final do século XIX, a grande maioria era de galegos, que se abrigaram nos principais centros urbanos brasileiros, sendo eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Imigraram em grande número para o Brasil até 1950, período em que entraram cerca de 700.000 espanhóis no país e eram principalmente oriundos da Galícia e Andaluzia.
No início do século 20 muitos espanhóis se dedicaram ao trabalho na indústria em São Paulo, onde grande parte dos operários eram espanhóis.
Os galegos na cidade e os andaluzes no campo


Os primeiros espanhóis chegaram ao Brasil na década de 1880. Até o final do século XIX, a grande maioria era de galegos, que se fixaram principalmente em centros urbanos brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Devido à grande semelhança entre galegos e portugueses, aqueles eram muitas vezes confundidos com estes.

No começo do século XX passaram a predominar os andaluzes. Com a decadência da imigração italiana no Brasil, os espanhóis foram atraídos aos milhares para o Brasil afim de substituir a mão-de-obra italiana no café. Outros grupos importantes foram os catalães, bascos e valencianos.


Formou-se rapidamente uma comunidade espanhola de operários, trabalhando nas nascentes indústrias brasileiras. Cerca de 78% dos espanhóis ficaram concentrados no estado de São Paulo. Estima-se que, entre 1880 e 1960, mais de 750 mil espanhóis imigraram para o Brasil. Apenas os portugueses e italianos chegaram em maior número.

Com a tomada do poder pelo ditador Francisco Franco, a imigração diminuiu. Porém, a Guerra Civil Espanhola formaria um novo fluxo de imigrantes que fugiram para o Brasil. O crescimento da economia espanhola após a guerra fez número de imigrantes caiu e passou a ser pouco significativa.

Os espanhóis concentraram-se sobretudo no estado de São Paulo, que atraiu cerca de 70% dos imigrantes hispânicos e ficou marcada principalmente pela divisão dos espanhóis: os Galegos se fixaram nas cidades, enquanto os Andaluzes se dedicaram à colheita de café em São Paulo, como já visto. Os maus-tratos contra espanhóis nas fazendas de café e o trabalho semi-escravo fez com que a Espanha passasse a restringir a ida de seus cidadãos para o Brasil.
Imigração a partir do século XIX
Os espanhóis estavam entre os "imigrantes mais pobres" do Brasil. O índice de analfabetismo era altíssimo, superando largamente aquele encontrado entre italianos e portugueses. Eram atraídos para o Brasil muitas vezes por meio de propaganda enganosa feita pelos denominados ganchos, que eram agentes que andavam pela Espanha vendendo uma imagem positiva do Brasil com o intuito de atrair imigrantes. No final do século XIX e no início do século XX, as fazendas de café de São Paulo funcionavam com a constante chegada de mão-de-obra barata oriunda da Itália. Mas, frequentemente, tinha-se que buscar outras fontes de trabalhadores em Portugal e na Espanha, sobretudo após a proibição da migração subsidiada pela Itália, em 1902, em decorrência das péssimas condições de trabalho a que eram submetidos esses italianos. Em 1910, a Espanha fez o mesmo, por meio de uma proibição da migração subsidiada para o Brasil. Porém, tal proibição não teve efeito, pois a migração clandestina via Gibraltar se intensificou, tanto que o ano de 1912 foi um auge da migração espanhola para o Brasil.
Esses imigrantes espanhóis, paupérrimos, embarcavam para o Brasil enganados, muitas vezes acreditando que estavam indo para a Argentina, que era o principal país receptor de imigrantes da Espanha na época. Aliás, a Argentina sempre foi um problema para a política imigratória brasileira, pois era o destino preferencial de muitos estrangeiros. Assim, muitos imigrantes para lá se deslocavam após chegarem ao Brasil e perceberem que não havia boas perspectivas no País. "Na Argentina não ocorre como no Brasil, onde, além de oferecer graves inconvenientes para a saúde, os naturais têm ódio letal pelos estranhos" escreveu uma autoridade diplomática espanhola, em 1911.] Após a Proclamação da República, o governo brasileiro tinha como meta fazer o trabalho assalariado criar raízes no Brasil. O uso da mão-de-obra assalariada do imigrante europeu era um meio de se obter isso. Porém, após séculos de escravidão e com uma massa de homens livres pobres e agregados, até o governo brasileiro se demonstrava cético em relação à adoção de novos comportamentos e a uma mudança de mentalidade. Desta forma, o trabalhador no Brasil era submetido a condições péssimas de trabalho. Muitos imigrantes decepcionados com o Brasil também tinham vergonha de voltar para a Espanha, pois se sentiam humilhados de retornar mais pobres do que saíram. Assim, de 1887 a 1914, dos espanhóis que abandonaram oficialmente o estado de São Paulo, 65% voltou para a Espanha, enquanto que 30% rumou para a Argentina ou para o Uruguai, 4% para outras regiões brasileiras e 1% foi para os Estados Unidos. Porém, a maioria dos espanhóis não tinham condições financeiras de abandonar o estado, e buscavam ajuda no Consulado, candidatando-se a uma vaga de repatriação gratuita.
O impacto negativo que os imigrantes tinham com o Brasil se dava imediatamente à chegada à lavoura cafeeira, ao perceberem que eram péssimas as condições de trabalho e que as remunerações eram baixas. Assim, esses imigrantes vagavam de fazenda em fazenda em busca de melhores salários, para poderem retornar à Espanha (o que poucos conseguiram) ou para acumularem capital com o objetivo de comprar um pedaço de terra. Muitos percebiam que era inútil permanecer no campo, e viam na cidade de São Paulo uma alternativa para tentar melhorar de condição, seja trabalhando na indústria como operários, ou na área de serviços. A cidade de São Paulo foi o destino principal desses imigrantes desiludidos com as péssimas condições no campo. Eram imigrantes de diferentes nacionalidades que mudaram a composição étnica da cidade. Entre 1886-1890, os estrangeiros compunham apenas 22,1% da população da cidade. Em apenas três anos, os estrangeiros já representavam 54,7% da população de São Paulo. No recenseamento de 1920, São Paulo era uma "Babel" na qual viviam pessoas de 33 diferentes nacionalidades. Em direção à cidade de São Paulo afluía grande número de estrangeiros, que vagavam pela cidade à procura de emprego. Essa massa de desempregados vivia à cata de qualquer emprego que surgisse, para garantir sua sobrevivência. Esses milhares de estrangeiros desempregados, denominados "vagabundos" pelas autoridades brasileiras, vivendo na miséria, causavam desconforto na população nativa, tidos como uma ameaça à "ordem pública". Grande número de imigrantes estavam frequentemente envolvidos em crimes e delitos cometidos em São Paulo, além de viveram da mendicância.
 Um relatório apresentado pelos Chefes da Polícia ao Presidente da Província salientava que "os espanhóis e os italianos deviam estar sempre sob as vistas da Polícia, pois eram peritos no vício". Só no ano de 1893, dos 368 inquéritos policiais em andamento na cidade de São Paulo, 268 eram por delitos cometidos por imigrantes. Em 1894, 4.487 pessoas foram presas em São Paulo, das quais 1903 eram italianas, 1346 brasileiras, 550 portuguesas e 357 espanholas.
Assim, tanto as guerras coloniais na América, quanto a guerra do Marrocos, a
mais longa (1909 a 1927), representaram uma motivação adicional para a emigração
das famílias, que tentavam, assim,  evitar que seus filhos fossem enviados para as
frentes de batalha.
... a guerra em Cuba e em Melilla [Marrocos].  Todas as semanas
partiam para a América e África centenas de moços, imberbes muitos
deles.  Nas docas do porto nas plataformas da estação podiam-se ver
cenas dilaceradoras.  A Guarda Civil tinha muitas vezes de abrir fogo
contra as mães que tentavam impedir o transporte de tropas, retendo os
braços nas amarras ou bloqueando a passagem das locomotivas.
Daquelas centenas de milhares de jovens que partiam para a frente
muito poucos haveriam de voltar, e ainda assim, mutilados ou
gravemente doentes
... Diariamente chegavam, com efeito, barcos que traziam para a
Espanha os sobreviventes das guerras de Cuba e das Filipinas.
Haviam combatido durante anos nas selvas apodrecidas e embora
fossem muito jovens já pareciam velhos.  Quase todos voltavam
doentes de febres terçãs.  Seus familiares não queriam acolhê-los por
medo do contágio e tampouco encontravam trabalho ou algum meio de
subsistência. Eram tantos que até para pedir esmola tinham que fazer
fila.  As pessoas não lhes davam nem um centavo:  vocês deixaram que
pisoteassem a honra da pátria e ainda têm a desfaçatez de vir inspirar
compaixão, diziam-lhes.  Muitos se deixavam morrer de inanição pelas
esquinas, já sem ânimo para nada
 Seu êxodo, portanto, provocado pela fome, pelo medo das convocações
militares e pela descrença nos rumos do país, deu-se majoritariamente em famílias,
requisito básico para que se lhes outorgasse o subsídio da passagem para a travessia,
concedido pelo governo paulista.  

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Homens e Mulheres imigrantes

Homens e Mulheres imigrantes
Colheita de Café em SP 1930


Hospedaria do Imigrante-SP 1912

Tios

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Elpidio Rodrigues e Jacinto Lucio